A respeito da espiritualidade dos
adictos em maconha, acredito, seja efeito do psicoativo. Ainda sem saber
exatamente o que se passa, principalmente pelo tabu que a ciência enfrenta pra
estudar o vegetal mais amado e odiado pela humanidade, seguimos sem entender o
que se passa na mente dos fumantes. Cada um é um universo e em cada mente, a
marijuana atua de uma forma, entorpece, agita, acalma, entristece, cura
depressão. Só dá pra saber fumando. O mito de que maconha não vicia é insustentável,
vide o tanto de maconheiro que precisa fumar pra comer, fumar pra dormir, fumar
pra se sentir vivo.
A maconha é, de fato, uma
companheira pros solitários, uma camomila pros ansiosos e uma pílula de
felicidade pros pouco criativos. Um efeito recorrente, porém, é a
espiritualidade que ela causa nos usuários. De alguma forma, quem fuma se
aproxima dos outros seres vivos, da natureza, de deus e de si mesmo. É
romântico e ao mesmo tempo assustador se pensarmos que essa espiritualidade
pode nada mais ser do que um efeito colateral que se adquire com os anos de
baseados diários. E nem sempre precisam ser diários, há quem adquira a
espiritualidade muito facilmente, mas esses, acredito, já haviam de ter algum
pezinho no céu.
E então fica a contradição entre
a beleza da aproximação com o divino e a estupidez de ser esta um simples
efeito, químico, molecular, cerebral, ou ainda quem sabe, comportamental, o
qual adota-se pra melhor entrosar-se com os outros que fumam. Quão patéticos
podemos ser!
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