terça-feira, 2 de maio de 2017

No que diz respeito à arte

No que diz respeito à arte, o que mais me interessa são os artistas. Não exatamente os artistas em sua gloria, no momento brilhante do palco, nos aplausos ou no reconhecimento de sua genialidade. A obra pronta tampouco é o mais fascinante. Atraio-me sobretudo pelo processo criativo. Por todos os motivos que fazem alguém se dedicar ao que quer que seja. Pelos bastidores. A parte esquisita e introspectiva, as questões emocionais que levam o artista a se entregar à arte. A dor que leva ao abraço de um violão, a angustia que se cura abrindo suavemente os braços numa dança, o calor do corpo de quem se expressa pelo ritmo da percussão. As inspirações. O extravasamento. A pessoa que existia antes do encontro com a forma de expressão artística da qual se utiliza. Nossas questões internas são os pilares da arte, e esta, nossa fuga primordial. Repleta de dor e loucura, é ela quem nos tira das trevas. Quanto mais experimentamos de sua terapia, maior é a busca, a dedicação, o vício, e então nascem os artistas, os “gênios”. Os gênios são, portanto, viciados na busca da solução de seus fantasmas. Ou no efeito que essa infinita busca gera. Os loucos também o são. Gênios.

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