Olhei em volta. Procurando pelo abridor de vinho. Pilha de
panelas desabava. Numa pia, tomates estraçalhados. Tufo de poeira no chão.
Pedaços indefiníveis grudavam, pretos, no meu pé. Procuro atrás da geladeira.
Saco plástico, pote vazio, tufos de poeira. Peguei o pote. Esfreguei um pé no
outro. Em cima da geladeira, se espalhavam a terra, as rolhas e as plantas que
eu dei. Seu olho me encarava. Talvez não. Na outra pia, pilha de louça. Corri
os olhos. Ali não estava também. Desistimos. Empurramos a rolha. Com faca suja
de creme branco. Por pouco não a usa assim mesmo. Passa água na lâmina, eu esfolo
a rolha e você empurra pra dentro. Vinho com pedaços de rolha não tem problema.
Mas a sua mão sim, porque vem, bruta, pra cima de mim. Encosta no meu útero
dolorido, e ele reage. Sente. Passa sem jeito por dentro meu vestido e encosta
meu seio escondido. Meu mamilo reclama. Joga o peso do seu corpo todo sobre meu
colo, frágil. Desde criança sempre quis ser forte, igual o Popeye. Conseguiu.
Aquela força bruta que me ataca. O beijo é sem língua, agressivo, de cheiro
enjoado. E eu sensível demais, época do mês. Fica por cima de mim, eu não
aguento o peso. Insisto que não. Fala. Tenta me colocar em cima, mas eu não
quero. Não tenho desejo porque mais parece uma luta. Saio, e preciso afirmar
que não. Ele me segura firme e insiste rindo. Esgueiro-me pelas beiradas. Saio
correndo de fininho.
terça-feira, 2 de maio de 2017
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Três vezes arte
Alguém estava triste na rua, Recuperando-se do dia inteiro sofrido Tentaram distraí-lo de seu sofrimento Enganando-o com as gritaria...
-
Lembro da primeira vez que abri uma beringela e me deparei com aqueles pontinhos marrons. Pensei que estava estragada, tinha passado do pon...
-
Quem são os presos do porão? De onde vem, para onde vão? Merecem, enfim, ser quem são? Isso é o que devia passar na televisão. Nessa noi...
-
Aquele amor embalado ao som de xote, da voz do nosso amigo, daquele gingado que só fazia parte da gente mesmo. O amor que se fazia no meio ...
Nenhum comentário:
Postar um comentário