Tudo pode ter se confundido
enquanto esperávamos o desenrolar espontâneo dos fatos. Sentimentos tendem a
crescer, porém, na maioria das vezes os sentimentos não se sustentam sem que
estejam acompanhados por atitudes correspondentes. O companheirismo é o grande
parceiro do amor. Sem companheirismo o amor não se aguenta, murcha. E o amor é
requisito para que o companheirismo exista.
Acompanhar é estar presente de
corpo e de espírito. Acompanhar os sentimentos, as expressões, as histórias.
Companheirismo é saber o que o outro precisa, estar atento na escuta. Estar
com. Perceber a fadiga, o esforço e o descanso. Complementar e ser
complementado. Estar pronto, perceber os movimentos do outro. Ser gentil e
disposto a ajudar. O amor leva à quase tudo, mas somente o breve acompanhar
leva, de súbito, ao amor. Se mal conseguimos nos carregar sozinhos, também não
conseguiremos carregar mais outro. Uma relação pesa. O peso tem que ser
dividido de forma justa. E encantamento. Uma relação precisa ser encantada, e
só quem pode encantar somos nós, com o que fazemos. Encantos com forma de
sorrisos, saudades, gentilezas e bem-querer. Se apaixonar todo dia por um novo
detalhe. Se não há o encanto não vale o esforço da caminhada, é menos pesado se
carregar sozinho.
São nas bifurcações da estrada
que decidimos que direção tomar e quais bagagens deixar pra trás. Fazemos um
balanço pra decidir o que pesa demais e o que ainda conseguimos carregar, já
que não podemos mais levar só a roupa do corpo. É nessa hora que pesa de um
lado o amor, do outro lado o companheirismo. E o encantamento, onde encaixa?
Cadê? O amor não se sustenta sozinho. Sozinho ele só faz doer. O lado obscuro
com suas decepções e mágoas merece espaço na nossa bagagem? É hora de
refazermos as malas.
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