terça-feira, 10 de março de 2015

Anestesia

Existe um anestésico no ar. Emana das televisões, dos rádios, computadores, asfaltos. Está entranhado nos bancos de ônibus, nas notas de dinheiro, na poluição das praias, em nossos lençóis de cama. O anestésico está no nosso alimento. 
Faz nos sentirmos perdidos e tontos, sem direção ou escolha. Ele nos afasta de dentro de nós. Perdemos nossas certezas, inspirações, sonhos e nos trancafia em grades imaginárias. Estamos inertes, anestesiados e nos tornamos perfeitos obedecedores de ordens. 
O tom de voz é aumentado, os nervos à flor da pele e os sentidos adormecidos. Paramos de sentir o toque do outro ou ficamos irritados com isso quando o anestésico está em altas doses. 
Quanto mais anestesiados nos deixarmos ficar, mais ficaremos. Em ordem exponencial. 
Resistir é entregar-se à loucura. 
O antídoto está dentro de nós. Ou lá fora, para além das grades. Aqui é que não está. É urgente desligar a TV, o computador, o rádio, falar baixo, sentir o toque. Não esquecer.

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