Existe um anestésico no ar. Emana das televisões, dos
rádios, computadores, asfaltos. Está entranhado nos bancos de ônibus, nas notas
de dinheiro, na poluição das praias, em nossos lençóis de cama. O anestésico
está no nosso alimento.
Faz nos sentirmos perdidos e tontos, sem direção ou
escolha. Ele nos afasta de dentro de nós. Perdemos nossas certezas,
inspirações, sonhos e nos trancafia em grades imaginárias. Estamos inertes,
anestesiados e nos tornamos perfeitos obedecedores de ordens.
O tom de voz é
aumentado, os nervos à flor da pele e os sentidos adormecidos. Paramos de
sentir o toque do outro ou ficamos irritados com isso quando o anestésico está
em altas doses.
Quanto mais anestesiados nos deixarmos ficar, mais ficaremos. Em
ordem exponencial.
Resistir é entregar-se à loucura.
O antídoto está dentro de
nós. Ou lá fora, para além das grades. Aqui é que não está. É urgente desligar
a TV, o computador, o rádio, falar baixo, sentir o toque. Não esquecer.
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